quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Se liga!

Salvador, a cidade do caos popularesco.
Lia o jornal on-line, como de costume e me deparei com uma questão um tanto quanto batida entre os entendidos do meio da Comunicação (e, que para fazerem média com internautas, lançam espaço para esse assunto): o telejornalismo popular.

Esse tipo de "compromisso com o povo" a que a TV brasileira se lança em nome de IBOPE, já tem um histórico que começa mais ou menos por ali em 1930. "O homem do Sapato Branco", "Aqui e Agora" (com Gil Gomes), Cidade Alerta, etc. E aqui na Bahia temos o "Que Venha o Povo" e o "Se liga, Bocão".

Entre os problemas do cotidiano, os programas se baseiam no sensacionalismo da notícia. Tudo vira escândalo; qualquer coisa vale para mostrar ao telespectador o quanto ele tem que se indignar ou não diante do que é mostrado, divulgado. Uma discussão entre vizinhos, denúncias, reclamações às mais diversas situações a que o povo está sujeito, é o que faz esse tipo de programa render frutos de paternalismo/assistencialismo para com o menos favorecidos social e economicamente.

O que eu percebo é, que nesse "fórum de discussão" a respeito da qualidade da programação da TV baiana, que muitos enchem a boca para falar mal, criticar a iniciativa de TV's sujeitarem o povo a esse tipo de promoção da desgraça alheia. Mas também não paramos para refletir que é mais complexo do que se pode imaginar, ou mais simples, a depender do ponto de vista.

Se todos tivessem acesso a educação, saneamento básico, melhoria na qualidade de vida, oportunidades reais de emprego, qualificações a essa gente, tudo funcionaria de outro jeito. Porque esses programas sobrevivem de uma certa "ignorância" das pessoas, então não é vantajoso mexer muito naquilo que está funcionando.

O que se pode discutir então é, até onde vai a liberdade de imprensa. Até que ponto mostrar imagens fortes - cadáveres, estupro, pedofilia, brigas, consumo de drogas, bandidos presos é válido. Eu acredito que a TV ainda tenha muito que se reformular. Mesmo que essa mídia se diga reflexo da sociedade, e que seja; defendo que esse reflexo seja de uma forma mais delicada, mais séria, mais compromissada.