segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Drummond já diz: mereça o ano novo.

Pro dia deitar sonhando. Sou o resultado desses amigos que tenho e do que recebo diariamente de afago, cuidado e demonstrações de afeto. Gente que sabe que viver com simplicidade é a coisa mais complexa que existe... E a mais sábia. É disso que sou feita: de um bocado de tanto amor. Mesmo quando dizem: tu és poeta. Poesia é fluidez (a poesia que há em mim não é suficiente para alcançar a poesia que é você). Sou o que estou e, isto sim, é perpétuo.
Nessa época há sempre um retrospecto, e quando fiz de nós dois, percebi o quanto mudei com você. Desculpa eu não te querer mais logo agora que a vida está sendo doce comigo. Eu não tenho mais tempo para ser aquela pessoa certa na tua hora errada.

Quando ele chegar vou estar pronta. Vestindo branco. E com algum colar de contas. É que 2009 será de riso e cafuné. Exatamente nesta ordem. Sou a protegida pelos meus Orixás. Sou minhas Meninas, meus Caboclos, meus Pajés. (SOU!)








sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Ensaio sobre a dificuldade de escrever

Para uma boa leitura acontecer é necessário à priori, que estejamos diante de um texto bem escrito. E não estou falando dos grandes escritores, aqueles já considerados os Ases da literatura. E quanto mais lemos e escrevemos, maior – e melhor – é a nossa leitura de mundo. A pergunta: “por que as pessoas escrevem?”, veio em minha cabeça e parei para pensar naquelas respostas que já conhecemos: porquê elas têm algo para comunicar, viram a necessidade de mostrar a outros o que elas pensam sobre os assuntos que lhes dizem respeito. Por isso escrevem textos, livros, ou jornais ou em revistas. E eis o mérito que deve ser dado a Gutemberg. Porém, mesmo que muitos afirmem que ele seja o ‘pai da imprensa’, não foi ele quem a inventou pois quando ele nasceu (entre 1395 a 1400) a imprensa já existia, adivinda da Renascença italiana. Ele aperfeiçoou as técnicas de impressão e, graças a Gutemberg é que se tornou possível a transmissão da palavra escrita a um crescente número de pessoas. Aliás, a própria historia de Gutemberg parece uma reportagem mal feita, em que os dados seguros são poucos, as dúvidas e lacunas, muitas. De qualquer maneira, se nos faltam muitas informações sobre a vida e a carreira de Gutemberg, a culpa em boa parte é dele próprio: infelizmente o inventor não tinha o hábito de datar ou assinar seus trabalhos.
Antes de um menino que me vendeu bala na rua, o Miguel, eu nunca tinha escutado de qualquer pessoa, que ela gostaria de ser escritora. Nem eu mesma, aliás, apesar de ter sido, durante a vida escolar, uma ótima aluna de português, e escrever em diários desde os meus 11 anos de idade. Hoje aos 28 anos, ainda não descobri sobre o que, de mais relevante eu poderia, por exemplo, usar como tema para um futuro livro. Você já sentiu isso de não ter nada a dizer quando todo mundo já se propôs a escrever sobre tudo??? Pois é. Quando o professor lhe pede como tarefa do dia: “escreva sobre o que você quiser, o tema é livre”, então parece que piora a situação. Tem gente que adora, pois está cheia de assuntos, louca para opinar sobre temas da atualidade, dizer o que pensa. Eu não. Acho que, de certa forma, fui ensinada a esperar por direções, quando na verdade, a gente sabe que, até em uma conversa informal, em um bate-papo com amigos, a conversa sempre toma outros rumos. Na hora de escrever, isso tem que ser feito com cuidado para não fugir do assunto e distrair o leitor.
Eu continuo escrevendo. Quando fiz 10 anos de escrita nos meus diários e cadernos, em 2001, tomei conhecimento, na internet, dos diários virtuais, e aderi a este novo conceito de comunicação escrita, com a possibilidade de conhecer e compartilhar de outros pensamentos e modos de ver o mundo. Fiz o primeiro weblog. Hoje ele já não existe e, inclusive, com ele foi mais fácil deixar para trás uma Mayra que não corresponde em quase nada ao que sou hoje. E a escrita nos permite esse reconhecimento. Os assuntos, as dúvidas e lacunas, se modificam não só pela idade, mas pelas circunstâncias.
Às vezes me pergunto se realmente é jornalismo o caminho pelo qual quero trilhar, ainda que eu esteja no começo do curso, porém, contudo, meu tempo está se esgotando (porque a vida está me indagando sobre qual a minha decisão perante a vida, igualzinho o coelho de Alice). É que comigo, não me leve a mal, o tempo às vezes pensa que é Caymmi. Então percebo que é isso: para escrever, leva tempo. Leva o tempo necessário para amadurecer idéias, buscar argumentos, responder e/ou fazer perguntas. E por aí vêm as dívidas: sobre o que eu quero falar? Por que quero falar sobre este assunto? Para quem eu quero escrever? Quando o tema é esclarecido, já facilita uma outra etapa. Porque você não precisa escrever somente sobre algo que seja positivamente inspirador. E eu percebi que minha dificuldade também deve ser a dificuldade de muita gente, que, no eu caso, se equivale a classe a que pertenço: os estudantes universitários, e até mesmo para os que não o são. As pessoas comuns, que gostam da leitura, mas não se sentem seguras de escrever, acreditando que é preciso escrever tal e qual Mário Quintana, Machado de Assis, Darcy Ribeiro. Claro que, também não basta querer compartilhar uma idéia, uma opinião. Também tenho que pensar: “para qual direção caminha a minha escrita?!”
Quando me apropriei da tecnologia e passei a “postar” textos em meu weblog, produzindo gêneros textuais para cumprir uma demanda da atividade acadêmica, eu não escrevo pensando em ser uma renomada escritora. Escrevo alguns por inspiração, uns por exigência de professores, outros sem qualquer motivo (sem exigências, sem cobranças externas). Mas todas as maneiras se findam no objetivo de ter um certo reconhecimento por parte de quem lê. Agradando ou não, você espera que as pessoas se manifestem a respeito de seu texto. Porque estamos em uma era big brother, onde todos querem ser notados de alguma forma. “O desejo é o motor”, afirma Pierre Lèvi. Todos nós, enquanto humanos, temos, culturalmente a necessidade de nos comunicar, de nos fazermos compreendidos. Então aqueles mais desejosos de realizar a comunicação - indispensável a todos nós, - se aperfeiçoar, nesse caso, na escrita, na utilização de regras gramaticais,, dos argumentos, das abordagens, porque a utilização dessas técnicas acaba sendo fruto desse desejo de concluir a transmissão de sua mensagem. Técnicas essas, resultantes de um movimento da sociedade em prol da boa leitura, do domínio da língua, e que por isso mesmo, resigna essa sociedade, e delimita bem, quem escreve, quem realmente tem o dom da palavra, de quem não tem aptidão nenhuma, e esses se tornam submissos, menos valorizados intelectualmente, e é por isso mesmo que pode ocorrer a tal dificuldade em escrever, em passar do pensamento ao papel.
A utilização de weblog, já é, de qualquer maneira, considerada imprescindível para que os novos produtores de textos contribuam para a veiculação cada vez maior e melhor das mensagens. Confesso que até por isso tenho lido pouquíssimos livros inteiros. Com a facilidade de busca dos mais variados trechos, partes de livros, a leitura densa de materiais está deixando a desejar. A demanda do mercado não aguarda que sua inspiração, para escrever coisas interessantes leve tanto tempo. Há muita pressa em conclusões, em obter resultados. É preciso correr, “acorda, Alice!”, é colocado na história de Carroll.
Creio que consigo terminar este ensaio sobre o meu ato de escrever, quase com a sensação de dever cumprido. Quando troquei de tema por duas vezes, na insegurança sobre a relevância do que eu teria de inovador para refletir sobre tais assuntos, descobri que mais uma vez estava desencontrada do objetivo final ( e talvez nem saiba direito se consegui chegar a ele), ansiosa por ser levada a escrever com a única obrigatoriedade imposta: o ensaio deve ter uma quantidade mínima de páginas. “Mas, como farei isso??!!”, pensamos, eu e meus colegas de classe, a sala de aula preenchida por burburinhos, todos questionando o pedido impertinente da autoridade da sala de aula naquele momento. Relutei, me chateei com a minha insegurança por não ter um tema e tamanha argumentação para uma exigência do professor, e resolvi por um tema que me pareceu até possível de fazer com que as pessoas reflitam: a dificuldade do ato de escrever, e escrever muito. Mas um “muito” que não tivesse receita de bolo no meio, ou palavras de baixo calão como já vi acontecer numa universidade em São Paulo. Escrever muito e escrever bem.
Espero realmente que este texto não tenha tomado as características de uma simples conversa de bar, onde um assunto puxa outro e outro, e a idéia inicial tenha se perdido. Uma questão de inspiração? Um dom? Exigência do convívio em sociedade?? O que está por trás do ato de escrever bem? Eu acabo aceitando que as pessoas escrevem para serem reconhecidas. Para algumas não importa se seus textos são somente alvos de críticas, o que, aliás, pode ser um indicativo, dependendo de seus argumentos, de que as pessoas leram e discordam do que está escrito, e então o autor cumpriu o seu papel. Ele pensou em um tema. Um bom começo então é pensar. Pensar, porque escrever é fazer funcionar de maneira organizada a lógica do pensamento. O que vem depois do ato são as conseqüências, e a primeira delas é quando consegue seduzir o leitor. Não esqueço nunca de revisar. Desconfio do meu texto. Eu espero, inclusive, que eu tenha suprido uma leitura com exemplos para encorajar quem lê, a acreditar no seu potencial, que o que importa, de verdade, é começar. Mostro o texto para outras pessoas, me preparo para as críticas. E não desisto, eis um ato de coragem. Uma hora encontro meu estilo de escrever. Em meio a uma pilha de textos, me deparo com o poema “Elogio do Aprendizado”, de Bertold Brecht, que me diz exatamente para não desistir. E foi o que eu fiz.




quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"a novidade veio dar na praia..."

Os EUA estão passando por uma fase de transições e isso é inegável. O fato de um homem negro estar ocupando a presidência, é um dos melhores sinais disso. E o fato de ele ser negro, claro, é um grande avanço! Este homem faz história, que bom, e eu realmente fico muito surpresa com essas mudanças que o mundo vem sofrendo.

Agora, transformá-lo em mártir, eu não acho correto, pois para que ele, hoje, conseguisse estar onde está, foi preciso uma Rosa Parks, um Martin Luther King Jr. Em muitos momentos ele dizia que não é negro, é mestiço, mas não mencionava diferenças de cor como justificativa para sua vitória.

Durante sua adolescência usou drogas. Me surpreende, também, o fato de uma grande potência eleger um homem com essa característica e que teve fama de rebelde, enquanto aqui no Brasil, pôde-se presenciar uma eleição de prefeitáveis na cidade do Rio de Janeiro, em que o candidato Gabeira, era conhecido por ser a favor da legalização da maconha. O que isso me prova? Que os EUA, com todo seu discurso tradicionalista de uma grande potência está realmente modificando a forma de pensar sua grandeza.

Com seu carisma ganhou a simpatia de muitos jovens e dos mais idosos (que conheceram a luta dos direitos civis por Luther King), que o transformaram num astro. Diz ele que pretende suspender a permanência das tropas americanas no Iraque. Teremos finalmente a tão desejada paz mundial?

No final das contas, para um país que tem a eleição como um direito e não como um dever, muitas pessoas quiseram mostrar participação, ou para elegê-lo ou para tentar minar sua vitória. E eis que o resultado não tão supreendente acontece. A novidade deu na praia...




quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O caso de Eloá

Quem já sentiu amor de verdade? O que é o amor? O que nos faz amar uma pessoa?
Esse caso de "sequestro" efetuado por um 'homem' que se sente traído pela 'mulher' amada, me leva a pensar no que é realmente sincero, o que pode ser uma doença, o que é um desequilíbrio psicológico...
Não dá. Decididamente não dá para cair nessa de que por amor se é capaz das maiores loucuras. Toda loucura tem por limite um abismo. Creio eu que se há amor, não há sofrimento. Pois quem foi que disse que amor e sofrimento são proporcionais? São inversos e por essa característica que os difere, são heterôgeneos.
Mais de 70 horas mirando um revólver na cabeça da mulher que se ama?? Louco.
E não é louco de amor, não, não (me)se engane. A história acontece em Santo André, SP, Lindemberg, 22 anos, mantém a ex-namorada, Eloá, 15 anos, em cárcere privado, há três dias, incoformado com o fim da relação de quase três anos.
O mais esperado é a cobertura que a mídia faz do caso. Apenas no programa do Datena, na Rede Bandeirantes, foi que eu escutei o apresentador se manifestar como se quisesse aconselhar o rapaz traído. As outras emissoras cobrem o caso, estão fazendo seus plantões, mas não se vê preocupação no fim do caso, obviamente, na busca pela audiência.
O rapaz que, em uma das vezes que fez aparições na proximidade da janela, chegou a colocar uma camisa do time do São Paulo, mobilizou os dirigentes do clube de futebol, que decidiram ajudar no caso, auxiliando na negociação com Lindemberg, que já se pronunciou avisando que não pretende matar ninguém e nem se suicidar.




terça-feira, 14 de outubro de 2008

Outro dia conversava com dois amigos de Comunicação Social, e eis que falavamos do personagem Zé Bob, jornalista, papel de mocinho, cara super do bem. E a gente não sabia direito o que o personagem fazia: repórter fotográfico? Escritor? Jornalista investigativo?? Super-Homem??
Achei um texto quando pesquisava se outras pessoas falavam nesse assunto.
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“Zé Bob” é ilusão, meu povo!
06/09/2008

por Thiago Borges

Hoje, cheguei mais cedo em casa a tempo de acompanhar as notícias do Jornal Nacional, tirar uma soneca durante o horário eleitoral e ver um pouco da controversa novela A Favorita – cheia de suspense, tramas obscuras, mocinhas que viram vilãs e vice-versa. Mas o “engraçado” é se ver interpretado (ou não) em uma novela, esse símbolo cultural brasileiro que reflete a nossa realidade (reflete?). Agora consigo entender por que enfermeiras, policiais, modistas e camelôs criticam novelas… Quando tem um personagem camelô, ele sempre está de bom humor, trabalhando de sol a sol e com um largo sorriso no lábio – como se a vida dele fosse fácil. É a mesma coisa com o tal Zé Bob. Ele é o jornalista da novela, um mocinho como qualquer outro que tem como missão livrar o bem das garras do mal sem se deixar seduzir. Mas não é bem assim na vida real, caro leitor. Você, que deve estar aí pensando no próximo capítulo da novela das oito… Você, leitora inocente, que sonha em ter um jornalista como Zé Bob para te salvar… Você, internauta adolescente, que quer seguir a carreira de jornalista porque achou a profissão um tanto quanto cheia de adrenalina… Vamos à realidade!

1° - Super jornalista? Impossível! Por mais que as redações estejam defasadas e os funcionários de determinado veículo acabem acumulando funções, não dá para uma única possível cobrir todas as áreas, todos os assuntos de interesse público. Zé Bob, por exemplo, cobre política num dia e feira das tulipas em outro (além de tirar fotos, é claro)

2° - Incansável? Outro erro aí! Pode tomar café à vontade, cheirar cocaína, ter uma pilha de coisas para fazer. Sete matérias pra escrever… Uma hora o cara vai se cansar e ter de parar recuperar a energia perdida. Zé Bob ainda não apareceu dormindo nessa trama.

3° - Sortudo? Ao contrário do nosso herói da dramaturgia, que tem a bruxa boazinha do Castelo Rá-Tim-Bum como editora-chefe, a realidade é bem diferente. Na maioria das vezes (salvo raras exceções), em especial em jornais diários, repórteres são tratados aos berros por seus senhores.

4° - Catador? Mesmo com todo o trabalho do mundo para fazer, Zé Bob encontra uma brechinha entre uma cobertura e outra para cortejar as beldades da novela. Fala sério!

5° - Cadê o distanciamento do fato? Se fosse real, Zé Bob estaria cometendo um grave erro profissional por ter se envolvido com uma de suas fontes – a Donatela. Cadê a imparcialidade, oras?

E você, o que acha de tudo isso?




sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Orixás deixam de ser nome de ruas de Feira de Santana-BA


A Rua Xangô virou São Lucas. A Rua Oxumarê agora é denominada pelo nome bíblico Rosa de Saron. A Rua Ogun Sete Linhas foi transformada em Rua Maranata, termo aramaico que significa 'O Senhor vem'. Coincidência ou não, os orixás que davam nome a ruas de Feira de Santana, segundo maior município da Bahia, a 110km de Salvador, perderam terreno ao longo dos anos para termos bíblicos ou nomes de pessoas.
Publicação do CORREIO.






terça-feira, 7 de outubro de 2008

Crônica - Bilhete a um futuro político

Prezado e futuro,

Em meio a um congestionamento, confesso que sou uma pessoa péssima para avaliar, pois foi o ano em que continuei não assistindo o Horário Eleitoral, mas gosto de ano de eleição, que é quando as coisas andam tão rápidas quanto as obras da Av. Oceânica.
Eu gostaria de de te deixar duas dicas para fazer, um pouco, a diferença em seu mandato. Minha primeira dica é para não subestimar o eleitor. Mesmo convicto de que enrolar peixes e assemelhados é missão nobre, saiba que há olhos críticos e perspicazes espraiando-se por aqui. Quando o líder deseja que o coro responda, ele grita, COMPROMISSO, e o côro responde Compromisso! Compromisso!
Segunda dica: um mandato exige uma habilidade do eleitor, a de presumir que há muitas outras informações ausentes, aprenda a lidar com essa habilidade de seu público. Não se esqueça de esclarecer alguns fatos, anunciar aprovações de leis e responder aos e-mails.
Não repare, muitas pessoas vão dizer que gostaram de sua obra que enfeitou a tal calçada ou tal viaduto, mas serão incapazes de lembrar do que realmente se tratava, isso é mau sinal.
E por último, faça tudo bem diferente de seu antecessor, senão, vão te acusar de imitação e falta de palavra.
Tomara que o senhor descubra que política é coisa de quem tem competência; política não é para aventureiros de última hora.


Até breve.




quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Matéria III

PAUTA
Dia das crianças tradicionalmente aquece o mercado de brinquedos. Normalmente tem algum tipo de artigo na moda tanto para as meninas como para os meninos. Há alguns anos atrás a coqueluche da molecada era o Playstation. E agora? Qual é o principal sonho de consumo de meninos e meninas?


Todo ano é assim, o dia tradicional das crianças aquecendo o mercado de brinquedos. Entre a garotada o brinquedo que estava entre os dez dos sonhos de consumo até então, era o Playstation – jogo de videogame. A molecada ainda curte brincadeiras em que elas possam se socializar, demonstrando que, mesmo com a modernização dos brinquedos, há espaço para as brincadeiras de rua, pega-pega, esconde-esconde e pula-corda, por exemplo.
Enquanto não surge aquele brinquedo super desejado as crianças se encantam, por exemplo, com um adereço muito utilizado por artistas circenses, o Diabolô. Os meninos estão no meio de uma febre de jogos on-line, bicicletas e futebol. Tivemos a febre musical da turma do RBD. As meninas, que vem naturalmente influenciada pelo instinto maternal, adoram as bonecas, e, a exemplos de mulheres na família, querem maquiagens, roupas e acessórios descolados, assim como umas “bolinhas mágicas” feitas de silicone, “que são cultivadas na água, e que em determinado tempo, estouram, se multiplicando. Já tenho quase o dobro de bolinhas coloridas, é muito legal!”, conta Biatriz, 11 anos, que ganhou as bolinhas de presente de uma amiga da escola.
Apesar de tantas opções, um grupo de amigos, entre 9 e 11 anos, que moram em um conjunto, sabem dividir o tempo entre as modernidades e as brincadeiras que as ajudam a manter um círculo social saudável. “O que a gente mais gosta é esconde-esconde. Mas brincamos de tudo! E o legal mesmo é quando a Associação do Conjunto promove um dia inteirinho de brincadeiras”, conta Felipe, 10 anos.



domingo, 28 de setembro de 2008

Matéria II

PAUTA
As “barracas” do bairro do Imbuí, que se tornaram points dos jovens já há alguns anos, estão passando um processo de modernização. O que será que motivou a mudança? Vamos fazer a matéria sobre o que muda no visual do bairro e o que os donos das barracas, que mantém o modelo tradicional, opinam sobre a diminuição de sua clientela para as barracas mais elaboradas. O que essa barracas tem de diferente em relação às outras?



Um ótimo refúgio para uma cervejinha com tira-gosto na companhia dos amigos, o bairro do Imbuí possui as “barracas” que já se tornaram uma das marcas da paisagem e da economia local e atualmente funcionam como bar e restaurante.
O bairro está crescendo, e já há algum tempo vem ficando cada vez mais valorizado, com isso os donos dos empreendimentos, unido a Associação de Moradores, sentiram a necessidade de expansão, a aparência e mais cuidados com os limites de cada barraca.
A Barraca do Bosque é uma das pioneiras nesse cuidado com a vigilância sanitária ao aumentar e melhorar seu atendimento ao público. Seu dono, srº Ney diz que o que realmente motivou a mudança foi a exigência dos moradores na questão da aparência, “porque parecia desleixo e não fica bem para um bairro em crescimento ter o redor dessas barracas um monte de mato, dando a sensação de sujeira”, relembra.
Tanto sucesso no bairro fez com que duas barracas inovassem e mudassem inclusive o estilo, dando aos passantes a sensação mesmo de um grande e gostoso espaço, com armações modernas e estilo diferenciado para atender a um público cada mais exigente. Vale ressaltar inclusive que, tal valorização do bairro diversificou a clientela e existem outros tipos de serviços além das barraquinhas tradicionais: uma barraca para vender água de coco – ao invés de um ambulante vendê-lo com isopor; baianas de acarajé; barraca de comida japonesa; barraca de pastel; ou seja, para todos os gostos e estilos. A esteticista Sônia Coelho, moradora do bairro há 25 anos, diz que adora a barraca de comida japonesa, e que se sente segura em saber inclusive que alguns dos donos de barracas são seus vizinhos, portanto jamais vão deixar a desejar no quesito “aparência” do seu próprio bairro.
Não tem como negar que o lugar é o ponto de encontro completo para amigos. Com tanta diversidade é uma combinação perfeita de lugar e gente bonita e uma ótima opção para conquistar novos amigos e paquerar bastante.



quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Crônica

Fazendo um paralelo entre o conto "Pai contra Mãe", de Machado de Assis, e o filme "Quanto vale ou é por quilo?"(2005) do diretor Sérgio Bianchi, adaptado do conto de Machado.







Quanto vale um pé quentinho?

Uma hora tem que começar, talvez agora seja a hora, ou não.
Para que tanto exagero se isso é só um artigo? Mostrar aos outros o que você sente em relação ao mundo.
Exposição que rima com inibição, apesar da contradição.
Mas o importante são as ações.
Falar sobre as intrigas e a ausência de gentileza. Paciência. Paciência. Paciência. A vida não pára. Salve Lenine e a música que me acalma um pouco, com a letra de alguém que entende o mundo. O que falta nele é: tolerância. E da minha parte, há a busca. Acho que o tempo de delicadeza é cheinho de paciência pra todo mundo. Mas creio que, o que falta no mundo, primordialmente, é isso: gentileza.
A pessoa passou três anos e meio dentro de uma faculdade, estudando, obcecada por tirar boas notas, fez (quase) todos os trabalhos dentro dos prazos, (quase) nunca faltou, estuda o que gosta e o que não gosta, acreditando que vai se tornar assim uma pessoa menos medíocre.
E tem o Miguel. E outros moleques tão iguais quanto.
Miguel, um menino magrelinho, que me vendeu bala na rua.
Perguntei o que ele queria ser quando crescer.
Disse-me: "O que for mais fácil..."
(ploft!)
Daí, insisti: "Mas qual o seu sonho?"
(ploft!)
"Meu sonho é ser escritor", disse com um sorriso que rasgou minha cara.
E sabe, eu sentaria com ele e conversaria por horas. Tomara que ele esteja dormindo com os anjos (deveria ser proibido as pessoas destruírem nossos sonhos).
Para mim, conversar um pouquinho com ele foi um momento de delicadeza, de ingenuidade e de tentativa de construir um mundo melhor. Rindo sempre, com a leveza de ser criança.




quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Minha primeira "matéria"!


Festa de São Cosme e São Damião


Além de início da primavera, Setembro também é o mês de comemoração do dia de São Cosme e São Damião, os santos gêmeos. É tradicionalmente difundido pelos baianos e pelo sincretismo religioso, quando preparam o caruru, comida à base de quiabo frito no azeite de dendê, que simboliza a festa do dia 27 de setembro.
Para os católicos, devotos dos santos, é dia de missa, de fazer pedidos e acender velas. Muitos fiéis fazem promessas para alcançar as graças com a ajuda ‘dos meninos’ (sic), pois, “pedindo a dois santos de uma só vez, a graça vem mais forte”, diz d. Joana, 88 anos, dona de casa e natural de Ilhéus (BA). Para os adeptos do candomblé, a festa é uma oferenda aos Ibejis – orixás equivalentes aos santos gêmeos. Por isso no decorrer da comemoração o caruru é servido primeiro às crianças, em seguida para os outros convidados. Também ocorre a distribuição de doces, pois, sendo orixás infantis, os santos gostam de guloseimas.
Não é à toa que a aposentada, d. Marivalda, 54 anos, leva a tradição há trinta e dois anos e assim como a sua mãe, fez promessa, recebeu a graça e cumpriu durante quinze anos o caruru dos santos, que ela mesma prepara, e alerta: “não gosto de comida ‘dormida’ e nem congelada, ‘os meninos’ também não, por isso preparo tudo de um dia para o outro, durante a madrugada.” Mesmo depois da promessa cumprida, d. Marivalda permanece com o compromisso, “porque se tem um ano que deixo de fazer o caruru, a vida desanda”, diz. No Centro Histórico da cidade, baianas se unem e festejam o dia dos Ibejis, distribuindo gratuitamente o caruru, acompanhado de arroz, feijão fradinho, galinha, vatapá e pipoca.



sexta-feira, 25 de julho de 2008

Enigma

Leia o parágrafo abaixo e tente imaginar sobre o que ele trata. Anote as estratégias que você usou para ajudá-lo na sua tarefa.

Um jornal é melhor do que revista. Uma praia é melhor do que uma rua. A princípio é melhor correr do que andar. Talvez você tenha que tentar várias vezes. É necessário ter alguma habilidade, mas é fácil de aprender. Mesmo crianças pequenas se divertem com isso. Uma vez bem-sucedido, as complicações são mínimas. Pássaros raras vezes chegam muito perto. Chuva, contudo, ensopa muito rápido.

Gente demais fazendo a mesma coisa também pode causar problemas. Precisa-se de muito espaço. Se não houver complicações, pode ser muito calmo. Uma pedra servirá de âncora. Se elas se soltarem, você não terá uma segunda chance.


A resposta é: _______________


...
Meu professor de Oficina de Leitura e Escrita II, desse segundo semestre, passou essa atividade ontem. Aula sobre "Leituras de Mundo", e adivinha quem acertou o Enigma!!!!!
Eu!!! hahahahaha...


quarta-feira, 2 de julho de 2008

Blogueiro também pode.

A notícia é "velha", porém me chamou a atenção.
Somos blogueiros, e todo blogueiro, hoje, adquire seu direito, por ser pessoa de opiniões, a tratar, críticas e comentários sobre qualquer assunto em seu blog.
Eis que uma visita a um restaurante rendeu a um rapaz, a resposta jurídica do local criticado.
O blogueiro foi convidado a retirar o logotipo do restaurante. Mas o post continua existindo, por razões óbvias.


Leia na íntegra aqui.




quinta-feira, 26 de junho de 2008

terça-feira, 17 de junho de 2008

Férias.

Uns dias de descanso.
Cuidados com o corpo, com a alimentação, e com as alegrias.

Sem moderação, né?

:)





quinta-feira, 12 de junho de 2008

Creative Commons

Se vivemos um momento de cuidados com os direitos autorais, adaptados para este mundo virtual, a maneira de encará-los também se modifica.
Para isso surgiu a idéia de um projeto, onde o autor/compositor faz, a partir da legislação existente, o seu próprio gerenciamento quanto às suas obras. O Creative Commons, como é chamado, permite que o autor esclareça até que ponto pode ter suas obras utilizadas.
Acredito, e seria uma adepta deste projeto, pois vejo com bons olhos esse espaço que se dá para que outras pessoas veiculem um trabalho autoral, quando meu nome aparecerá por detrás da criação, seja em um comercial, em um programa, em um outdoor (imagens).
Porque há um detalhe no comportamento de uma sociedade que não tem como lutar: o fato de saber que algo é proibido faz com que seja desejoso de fazer. Se me dizem que copiar é crime, eu vou me guiar a princípio pela idéia de que se está na internet, não tem mais dono, ou que sim, tem dono, mas eu gostei de um trecho e quero criar em cima dele (um conto, um poema, uma iamgem), portanto isso pode ser considerado por quem se apropria, liberdade de criação. Se me dizem que pirataria de músicas/filmes também não é legal, vai dar uma vontade de ter acesso, e facilitar o acesso para o restante.
De certa forma, há autores que vêem nisso uma grande vantagem, pois é sinal de melhor reconhecimento pelo seu trabalho.
Talvez, a dificuldade esteja em saber se realmente as pessoas compreendem o objetivo desse projeto, tendo em vista que o conteúdo (re)criado seja partilhado com o devido respeito aos direitos do autor.



sábado, 7 de junho de 2008

IURD

Uma atividade da disciplina de Antropologia Cultural é visitar um local, que a gente tenha um certo preconceito. E assim observar as seguintes coisas:
1) quais as minhaS idéias etnocêntricas? O que eu penso sobre tal lugar?
2) descrever o local, as pessoas que ali se encontram, como falam, o que fazem.
3) me perguntar: eu consegui relativizar???

Bem, o local escolhido foi uma Igreja Universal.
Eu não sei, podia ter me preparado melhor, e ir com a mente mais aberta, mas não aconteceu.
É uma construção imensa. Parecem querer ostentar um poder, mesmo sem ser como as Igrejas Católicas, cheias de ouros por dentro, encrustados nas paredes. Não há imagens de santos, apenas de Cruz, e uma imensa fotografia, no "altar", do Monte Sinai. Era uma sexta-feira, de junho. Era dia da "Fogueira Santa". E ao sentar bem distante do altar, próximo à porta de saída, - tamanha era a desconfiança, - fiquei ouvindo a pregação do pastor. Eram 15 horas. E nesta oratória, ouvia atenta, o seu discurso: "Riquezas.... Sacrifícios... Dê o seu salário inteiro se queres libertação... Dinheiro, dinheiro, dinheiro...... Demônios, arruda e guiné"...
Arrisquei uma aproximação do altar, e meus braços, até a altura dos cotovelos, formigaram! Uma energia estranhíssima. Demorei para voltar a mim. Quer dizer, o braço parar de adormecer.
Quer dizer: eles afirmam o Candomblé, e ao mesmo tempo o negam, para justificar que sua religião é a melhor.
Queria sair dali, mas tinha a atividade para completar. Só conseguia sentir mais raiva desta instituição. Manipuladores, covardes!
...
E vem a hora de pegar depoimento. E a gente começa a olhar a função dessa Igreja, na visão dos fiéis. Até dá para entender, que são pessoas humildes, que se levam pela fé, necessitam se agarrar a alguma força: eles precisam acreditar que Deus existe e é maior que todas as coisas.
A gente ter fé, acreditar, querer ajudar a família, tirar o marido do alcoolismo, o filho das drogas, a filha da prostituição, tudo, tudo é cabível.
Errado, na minha conclusão, é alguém se aproveitar dessa fé.

É... Às vezes a minha fé costuma falhar...




sexta-feira, 16 de maio de 2008

“As folhas sabem procurar pelo sol...”

O Império Romano utilizou o Coliseu (Teatros), por muito tempo, para acalmar as insatisfações de seus súditos, dando-lhes apresentações “divertidas” com um pedaço de pão. O “Pão”: um dos alimentos mais populares do planeta, e o “Circo”: a distração para deixar qualquer mortal mais relaxado, e que foi por muitos séculos, a principal manifestação artística, era e ainda é utilizado como uma maneira de acalmar as manifestações populares.
No Brasil quando pensamos em Circo pensamos na política. A palavra por si tomou um significado que soa como um teatro de mentiras (pois nada melhor do que ocupar a população enquanto decisões importantes são tomadas): poderíamos comemorar enquanto sociedade o que comemoramos com festas populares, mas sobrevive-se sob as promessas, e continua-se acreditando nos discursos, sentados à mesa, vendo o mundo acontecendo pela televisão, que só nos mostra o que é de interesse de uma minoria detentora de poder. Em tempos de epidemias, de eleições, de problemas estruturais de governo e de investimentos mal-sucedidos, dá-se ao povo algo que possa amenizar os problemas de infra-estrutura, social e econômico. Dá-se importância ao futebol, a um reality show, a um caso policial super veiculado, ao Bolsa Família, à novidade da TV Digital, a Copa do Mundo de 2014, ao carnaval. Preocupamos-nos, sim, com o futuro, com “para onde vamos?”, quando lemos a respeito do aquecimento global, por exemplo. Porém não podemos esquecer que este problema pode ser atribuído a falta de uma consciência ambiental que vem de dentro da nossa casa - se quisermos começar por algum lugar.
Queremos um país do futuro com a formação de cidadãos pensantes, então, que nos seja dado a educação de qualidade para tal, inclusive para que sejamos os bons profissionais que o mercado exige.
Com uma política de pão e circo que favorece a continuação de um Brasil tão "terra de ninguém" o grande desafio é fazer política com educação, trabalho e renda, onde não se prolifere a idéia de que sempre teremos os Salvadores da Pátria (a Seleção Brasileira!! As Bolsas do governo!!), e a de que somos coitados, pois não queremos, enquanto nação, cair em de discursos que combinam palavras bonitas e frases enfeitadas, mas ter também a oportunidade de identificar as letras.
Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar.” (Darcy Ribeiro)
Comparando a Roma antiga com o Brasil, vemos no nosso caso, que o crescimento populacional gera problemas sociais, comunidades com pouca estrutura crescendo desenfreadamente, as condições de vida ficam mais difíceis, mas o Estado, ao invés de fazer uma política social baseada em educação e qualificação profissional, opta por fazer uma que acalme a grande massa para evitar que esta se rebele, com seus planos sociais. Não que estes planos não possuam validade, porém, atrelado a eles cairia muito bem um investimento na educação, na saúde e em habitação digna. Mas é preciso que levantemos da sala de jantar; que não admitamos mais ser manipulados. Tenhamos sim, a festa, o circo, mas também tenhamos força de vontade e sabedoria para lutar pelo pão que nos é de direito.



terça-feira, 13 de maio de 2008

RESERVA RAPOSA-SERRA DO SOL

Reportagem de apoio: Entenda o que está acontecendo.


O fator relevante nessa reportagem é a "luta" dos índios pela homologação de terras que lhes pertencem por direito. A Raposa-Serra do Sol, que é a última grande Terra indígena da Amazônia, aguarda reconhecimento para ser homologada; tal e qual esta documentação seja assinada pela Justiça, vai exigir que seus "invasores" sejam retirados.
Os invasores? Os fazendeiros. E segundo estes, como é possível que um bando de índios, que nada produzem, queiram tanta terra?

"A diferença é ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural" (ROCHA, 1984)

Sendo cabível acrescentar, "...cultural e econômica". Ou, seja, os nativos é que inviabilizam o desenvolvimento do Estado.

Configura-se neste ponto, o Etnocentrismo. Na visão do Estado de Roraima, os índios não precisam dessas terras pois não vão produzir para além de seu consumo, o que é uma perda de tempo e dinheiro.

"Aí, então, de repente, nos deparamos com um "outro", o grupo do "diferente" que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E mais grave ainda, este "outro" também sobrevive à sua maneira." (ROCHA, 1984)

Será que é tão inconcebível que um grupo apenas viva com o suficiente para sua sobrevivência? Não é. E é exatamente isso que não justifica essa atrocidade. Como pode em pleno século XXI, querer tomar terra de índio?? Essas terras já lhes pertencem "antes mesmo de serem politicamente estabelecidas" (segundo o Abaixo-assinado elaborado pelo Partido dos Trabalhadores).

Mesmo que a partir de 1998 fosse declarado que as terras são de posse permanente dos povos indígenas, o Estado de Roraima tenta anular essa decisão da Justiça. Os agricultores continuaram avançando e produzindo nas terras, as quais ainda hoje (depois de 10 anos) não foram desocupadas porque a plantação representa 40% da produção do Estado, e os ocupantes ilegais não se mostram dispostos a negociar sua saída. Qual a consequência desse fato? Os confrontos constantes entre os Jagunços dos fazendeiros e os índios.

"A sociedade do "outro" é atrasada. (...)São selvagens(...) que vem da floresta, que lembra de alguma maneira, a vida animal(...)" (ROCHA, 1984)

Os primeiros alegam que os índios não atendem a pedidos pacifícos de expulsão e os atacam tal e qual uns selvagens, com arco e flecha, o que eles fazem é se defender, com as armas de fogo.
O que se percebe facilmente é uma elite sem argumento suficiente para manter pé firme sobre essa questão da desapropriação, por eles, dessas terras; alegando que há também a possibilidade de que se essas terras ficarem à vontade dos índios, 'fracos' como são, deixariam a região propícia para possíveis invasões, fazendo o país correr o risco de perder sua soberania, porque essas terras estão nas fronteiras.
E como os meios de comunicação no Estado de Roraima é de apropriação dos políticos, associados aos fazendeiros, muito facilitada fica a lavagem cerebral da população lá existente por esses meios.
Para finalizar, cabe a lembrança histórica de que Roraima só é do Brasil porque Joaquim Nabuco defendeu sua posse, em disputa com a Inglaterra, com base justamente a presença de índios brasileiros por lá.





sábado, 3 de maio de 2008

É importante ser livre para acreditar no que se quer. Falar com Deus, ou consigo mesmo, orando, meditando, dançando. Cada uma na sua forma de fazer contato com suas divindades, e isso é o que representa a construção da cultura humana. Toda diversidade é riqueza, toda diferença tem sabor.
Eu, como acredito em quase tudo, recorro a tudo o que é maior que a própria vida, seja a um Deus, ou vários. Aos Anjos (pois Deus pode estar ocupado demais), aos Santos, aos Espíritos; a tudo o que sou capaz de sentir a presença, enfim.
Outro dia, enquanto esperava uma amiga, vi um homem, aparentemente de 50 anos, passeando com o cachorro, e que se pôs a beijar uma certa flor.
Fiquei olhando para entender o que acabara de acontecer, e que talvez, beijaria mais alguma outra, e até caçoei: "agora vai pousar um passarinho no seu ombro". Depois sorri, e dei graças aos Deuses por que ainda há leveza no mundo. Pense que, este homem, pode ser a materialização de um anjo, ou que, simplesmente, tem tanto amor em si que precisa compartilhar, e doar. O que nunca pode ser demais na vida de ninguém.
Eu confesso que tenho me doado bem pouco, e sinto uma certa culpa por isso. Mas nem sempre.



terça-feira, 29 de abril de 2008

Resenha: Blade Runner (1982)

Blade Runner (o caçador de andróides) é um filme norte americano de 1982 , o primeiro do gênero ficção científica que aborda a relação homem x máquina.
O filme se passa na cidade de Los Angeles, em novembro de 2019, quando a humanidade inicia a colonização espacial, para qual são desenvolvidos seres geneticamente modificados.
A produção desses seres ficava sob responsabilidade da Tyrell Corporation, que tinha como objetivo produzir andróides “mais humanos que os próprios humanos”. Porém esses andróides tinham tempo de vida limitado à 4 anos, o que despertou em alguns deles revolta.
Surge então o confronto criador x criatura: há um trecho do filme onde o lider rebelde dos replicantes – nome que foi dado aos andróides – questiona seu criador com relação à essa limitação de vida. Esse o responde que no momento da sua produção seu tempo de vida já é programado, sendo assim não pode ser alterado. Dessa forma o coloca novamente na sua condição de máquina, o que contrasta com seu desejo de sobrevivência.
A visão futurista do filme mostra uma realidade desvinculada da natureza, não há resquícios de ambientes naturais. O filme se passa num ambiente urbano, com pouca luminosidade.
No filme há um paradoxo: de um lado as relações humanas diminuem, como se todo avaço tecnológico tendenciasse os humanos a se afastar um dos outros, por outro lado, os replicantes se apoderam da capacidade de se emocionar, característica humana, para manipulá-los.
Outro fato que chama a atenção é que apesar de geneticamente modificados, os replicantes são fisicamente tão frágeis quanto nós, pois são retirados – eliminados -com as mesmas armas com que os humanos seriam.
O conflito do filme surge no momento em que o replicante tem um desejo semelhante aos humanos de prolongar seu tempo de vida, assim como nós buscamos o auxilio da ciência, os andróides buscam alternativas para afastar o final da sua existência.




domingo, 27 de abril de 2008

((@))
Ciber.Comunica 3.0

"Promovido pela F. Jorge Amado, o evento tem como objetivo discutir a comunicação associada às tecnologias contemporâneas. Nessa edição, a discussão girará em torno da comunicação sem fio.
(...)Apesar do tema atualíssimo, o Ciber.Comunica continua com os mesmos moldes. É o que garante o seu coordenador geral, o professor mestre Claudio Manoel Duarte.
(...) Também já foi confirmada a primeira edição do Festival MicroMínima**(vídeos-minutos, com temas livres), que irá premiar os melhores filmes produzidos pelos alunos.
O evento é aberto ao público geral.
O participante terá direito a certificado."



**O vídeo do meu grupo vai estar lá!!

terça-feira, 8 de abril de 2008

Filme: A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005)

(Elenco: Johnny Depp, Freddie Highmore, Helena Bonham Carter, Jordan Fry, Garrick Hagon, Stephen Humby, David Kelly, Christopher Lee, Missi Pyle, Annasophia Robb, Deep Roy, Harry Taylor, Noah Taylor. Direção: Tim Burton Produzido por: Brad Grey, Richard D. Zanuck)

Para a nova versão deste clássico da Sessão da Tarde, o diretor de cinema, Tim Burton, quis fazer uma versão mais próxima do livro, escrito por Roald Dahl, mais excêntrica, e um tanto quanto sombria, com Johnny Depp assemelhando-se ao seu personagem do filme Edward Mãos de Tesoura. Portanto para começar a assistir tem que esquecer da primeira versão (1971).
O menino Charlie Bucket é o personagem central. Menino pobre porém muito educado e centrado nos valores sobre o ideal de uma família unida, que mora com seus pais e avós, em uma casa humilde, torta, caindo aos pedaços. Um de seus avôs, Joe Bucket, já trabalhou na fábrica de chocolate existente na cidade, e contava para seu neto histórias encantadoras sobre o seu funcionamento.
Charlie era fascinado e movido pela costumeira curiosidade infantil, e tem o sonho de um dia poder conhecer seu interior. Vê essa oportunidade, quando o dono da fábrica, o então misterioso Willy Wonka, resolve fazer um concurso com vale-brindes - ao total de apenas 5 - embalados junto ao chocolate (para quem lembra do chocolate Surpresa, eis uma idéia), com crianças sorteadas para visitar a sua fábrica, - o chocolate Wonka Bar é uma mania mundial - demonstrando-se o significado da tão falada globalização em um de seus aspectos: a cena inicial, dos caminhões vermelhos em meio a uma cidade coberta por neve, saindo da fábrica para fazer entregas, nos remete a uma grande marca de refrigerante, que a exemplo de comercialização, tem seu nome mundialmente conhecido, e que ainda assim guarda o grande segredo de sua fórmula.
Nessa expectativa já esperada, Charlie consegue o muito procurado vale-brinde, e com seu vovô Joe, vai em busca do curioso mundo dos doces. É no decorrer do passeio na fábrica que será escolhido o herdeiro da empresa, sem que as crianças e seus acompanhantes saibam disso.
Fica explícito no filme, uma mágoa por parte do chocolateiro, com relação ao seu pai, mostrando em diversos flashback's, como o Dentista o reprimia para que fosse sempre uma criança saudável. Logo no início do filme com Wonka em um desses flashes, um doce que havia sido jogado na fogueira por seu pai é relembrado pelo chocolateiro quando ao abrir a grande porta para os sortudos visitantes numa animada recepção com bonecos coloridos, ocorre um curto circuito fazendo a animação pegar fogo.
Wonka já demonstra que não sabe lidar com sentimentos, e que está muito traumatizado, tendo sua fábrica hostilizada por crianças de maus hábitos - inclusive reforçados pelos responsáveis. Claro, com a oportunidade de se "encontrar" em um ambiente onde tudo é comestível, é possível que qualquer pessoa aja de forma pecaminosa diante de tanta tentação e ainda pague um preço por isso; justamente assim é que Wonka faz, de forma previsível, com seus ajudantes Oompa Loompas, uma seleção para escolher finalmente o seu herdeiro.
O grande vencedor, Charlie, o menino pobre dotado de esperança em dias melhores é o responsável pela humanização do dono da fábrica, o que nos faz pensar naquela Máxima de pensar o mundo com os olhos de uma criança.



segunda-feira, 7 de abril de 2008

Sobre Abacaxi e Ano-Novo

Carta aberta para amiga, em 02/01/2008


Se a gente for analisar o que foi o ano de 2007 dá para compará-lo a um termo que a gente costuma dizer quando a coisa vai mal, que é o lance do abacaxi. Todos temos na nossa vida um momento de segurar o abacaxi, "ganhar o abacaxi".
Cada um tem na sua vida o abacaxi que merece?
Quando você, no meio de suas visitas para comemoração do ano novo em sua casa, resolve que tá com vontade de comer abacaxi, é porque inconscientemente você sabe o tamanho e acidez do seu. Todos nós sabemos.
Você sai com tanta agonia de não querer exatamente olhar pra aquelas pessoas, que a busca pelo abacaxi para matar vontade se torna uma missão do tipo Gincana. E lá vai você, que sai a pé de casa que é para dar uma volta maior, demorando mais tempo, com desculpa de que é coisa rápida, que vai ali na vendinha.
Só que a vendinha está fechada, claro, porque o dono da venda também tem seu momento de acidez de ano novo, e precisa fechar (para balanço) para ter tempo de saborear o seu abacaxi.
Tudo bem, você roda o bairro nos primeiros 15 minutos xingando parentes, que saco, vai ser assim meu ano novo??, vai ao supermercado, porque, ah, supermercado tem trabalho e os funcionários não têm família (!!), certo?! Prêmio Coroa do Abacaxi pro gerente (para ele enfiar, Deus sabe onde), que ainda fica dando ordens de organização no estabelecimento se sentindo o dono do abacaxi. Melancia, melancia, eu não quero melancia - você pensa. Tem melancia e eu não quero esta droga, droga. Porque o abacaxi é o que representa a sua vida e enquanto você procura com os olhos, seu pensamento está naquela pessoa com a qual você tem esperança de ter alguma coisa realmente saudável, sem pressões, sem neuras. Mas, não, o cara nem aí está, e a sua vontade é que ele exploda enquanto você fica imaginando suas aftas por conta da quantidade de abacaxi que você vai ingerir para esquecer que o cara existe.
Finalmente encontrado, o abacaxi está verde, exatamente como o ano que está começando: 2008 querendo amadurecer, e você também. Na Bahia, em época de abacaxi, você consegue um abacaxi a Um Real, no Rio, consegue verde a Quatro Reais. Um absurdo.
Cada um tem na sua vida o abacaxi que merece?



(tem três dias que estou com uma afta e não é de comer abacaxi... Rsrsssrs...)
Minha amiga: abacaxi verde? Que seja. É como o 2008 está para nós todos.
Feliz 2008! E desejo mais: que você continue procurando (e me fazendo feliz com histórias), porque alguma hora a gente acha uma saída. E espero que você encontre a sua.



Ouvindo: Balada do pó, pedra e caminho (Forró Massapê)



terça-feira, 25 de março de 2008



Amiga de infância e pastel de camarão: para me dar conta de que as pessoas mudam, mas a vontade de ser/querer o melhor, ainda resiste ao tempo. Mais uma semana para começar. E se eu não puder te levar, quero que você me leve. Casa vazia, silêncios. Clarice disse que era feita de cadeiras e maçãs. Eu não sei do que sou feita. Abraço apertado de surpresa. Santa e puta. Quero gente ao lado e não quero ninguém. Um dia, me apontaram egocêntrica. Ego de quem? Sou egoísta e me dou tanto... Seria bom ser muitas. Nessa vida cheia de gentes, aprendi que lido bem com várias delas. Abstraio loucura, chatice, frescura, ironia, mentira, falsidade até. Mas não gosto de quem esnoba, vomita posses e intenções. Tenho uma batalha para travar logo de início: cabeça fria, coração na mão. É que eu não gosto de atritos, não fico bem com climas tensos. Abro logo uma torneira de água fria. Uma alergia que me dá por conta de estresse. Não gosto. E é sempre tão mais cômodo pôr a culpa na TPM. Os dias não andam bonitos: não vejo beleza em calor ultra insuportável. Me abraça, me leva para qualquer lugar, vamos tomar sorvete e brincar de pique-pega, baleado. O cão come mais uma sandália deixada à sua revelia. Droga de cachorro! Vontade de dançar, vontade de nada e vontade de correr, Forrest. Acho que preciso d'uma bicicleta e de um objetivo na vida. Preciso de brisa no rosto e calor das mãos. As suas. Não brinque de amor comigo, porque isso dói no final das contas. Mais em mim do que em você. Vivo amando, porque só respiro quando gosto.
Clarice uma vez escreveu que é preciso escrever distraído.
...
É distraída, e eu, domingo. Ops.



quarta-feira, 19 de março de 2008

Quanto vale?

É possível até que hajam as exceções, mas para falar a verdade, acho que todo mundo tem um preço, a diferença é o valor. Mas então não é porque eu critico o excesso, que eu sou a favor da falta. Quem é que não precisa de dinheiro para viver? Gostar de trabalhar para receber pelo seu trabalho, quem não gosta? Mas não penso no dinheiro como fim e sim como meio.
Acho realmente hipocrisia dizer que não se tem um preço. Em alguma circunstância há essa promoção. Nem que seja aquele que exige caráter, integridade, honestidade, carinho, respeito e amor.
Não se trata apenas de valor monetário, e sim, do quanto você se dá, se entrega, em troca de reconhecimento, sucesso, amor, carinho, piedade.

...

Escrevi um texto, há uns 3/4 anos, que retrata esse assunto, que fala de "entrega" ou da ausência da mesma. Das coisas que se faz sem esperar em troca, ou será que sim, a gente sempre espera alguma coisa em troca?!

Dentro desse peito bate um coração mexicano
Porque eu sou uma puta.
Eu dou. Para todo mundo.
A pôrra do meu tempo que eu não tenho. As minhas vontades. Os meus segundos, os meus instantes, o horário de jantar que eu não faço. Eu dou. O horário do meu banho, o esforço, as idéias, as opiniões, as críticas, os elogios, a energia. Toda. Eu dou tudo, perceba. Para todo mundo.
Eu masturbo o ego de todos os homens que me cercam e acaricio de leve as inseguranças das mulheres. Escrevo textos. Envio e-mail`s.
Na minha lista de prioridades, fique tranqüilo. Você vem primeiro! E você, você e você também. E mais aquele cara que eu nunca vi na vida. Todos vocês vêm na frente. Nessa lista, queridos, eu sou a última.
Eu sou a santa mais puta que conheço.
Porque eu dou tudo: sangue, garra, vontade, suor, dinheiro, cabelo e pele, em troca da crença idiota e falsa de ser desesperadamente gostada.
Mas por quem, meu deus?
Por quem?
...
Eu sou capaz de estender a mão, o pé, o braço e o corpo todo para ajudar se, em troca, meu bem, você disser que gosta um mínimo de uma Mayra.
Vem. Me come. Me tira o couro. Me mata.
Eu ainda vou te pedir desculpas por ter esbarrado no seu dedão do pé sem querer naquele momento de aflição enquanto você apertava o meu pescoço até sufocar.
Em troca, por favor, diz que se importa?

(Agora chega, né?! Sai, Maria do Bairro, desse corpo que não te pertence!)




quarta-feira, 12 de março de 2008

O sertão de dentro de um homem

"Rebelde Desconhecido", Jeff Widener(China-1989)




"ZOINHO - 10 ANOS", Evandro Monteiro(Brasil-2004)



...
Eu sei o que, ver e colocar, juntas essas duas imagens me causam.
Idealizar que ainda existem seres humanos que se sentem capazes de fazer o mínimo para enfrentar os problemas, confrontar as "verdades", é quase tão esperançoso quanto acreditar que um dia, a gente terá voz de comando também.



terça-feira, 11 de março de 2008

- Um “A favor” para viagem, por favor!

Dentre muitas coisas que a gente consegue ser “a favor” na vida é a de ser reprimido, mesmo que indiretamente. A favor da pena de morte, a favor da paz, a favor das cotas nas universidades, a favor da liberdade de expressão, a favor das aulas aos sábados. Ser “a favor” é, a princípio apoiar, concordar com alguma situação ou estado das coisas.
Eu sou a favor da volta ao contato com os vizinhos, por exemplo; de ter a quem recorrer para regar a planta em uma viagem longa, ou acender as luzes durante a noite para evitar os maus olhares do bairro, ou a boa e velha desculpa da xicrinha de açúcar! Pensa só, que delícia de retorno aos bons tempos (quando se tinha tempo)! Quando sentava-se na varanda de casa para tomar ar fresco, ver os passantes, comentar a vida alheia.
A vida tão concorrida não nos deixa com tempo de sentar pra um chopp-conversa-sem pressa, risos e silêncios. Nos fechamos em mundos de reality show, olhamos o outro com desconfianças, ainda abaixamos cabeça n’um tímido bom dia no elevador. Tudo com menor intensidade e calor humano. Até que fica incompreensível saber que felicidade é essa que buscamos ainda, infinitamente.
Não é tão difícil perceber que das menores relações é que se desencadeiam as maiores guerras. Se cada um de nós fosse bom vizinho, imagine quantas brigas, picuinhas, desabores por causa das infiltrações, muros caindo, roupas nos varais pingando no varal do outro, poderiam ser evitados com diálogos mais amorosos e cuidadosos, com pedidos cordiais.
Eu sou a favor de Associações de Bairros, e também das reuniões de condomínio. Mesmo que, tenho certeza de que para muitos, perder a novela para ouvir quem não tem nada melhor para fazer, discutir o que pode ser feito para melhorar o azulejo do 5º andar, seja um fardo.
Ah, tsc, um outro absurdo é uma pessoa contratar um vigia para sua casa. Como se dá isso? Você não sabe quem são as pessoas com quem divide os muros, e ainda assim, e justamente por isso é que você não se sente seguro??
Por essas e outras é que eu afirmo sempre: a minha felicidade está nos pequenos gestos, os sinceros; nas palavras de amizade, ainda que diferentes das minhas. Ser a favor de ter e falar com vizinhos é porque ninguém no mundo é uma ilha, disse um pensador. O homem é um ser social, e ele é um privilegiado: tem o dom da fala, da comunicação. Sejamos comunicativos. Façamos o possível para deixar a vida um pouco mais lenta e perceptível, e possível de ser deliciada, com o outro, com o próximo.
Dito isto, só quero complementar que, por mais implicante, barulhenta e fofoqueira que seja a mulher da casa ao lado, meu deus, de alguém tem que partir o primeiro passo para a conciliação, afinal de contas sua vida pode depender de uma dessas pessoas tão estranhas, porém tão próximas.




domingo, 9 de março de 2008

Roteiro para um videoclipe



O apartamento mal iluminado. Janela aberta. Venta bastante. Céu nublado. Marcelo assiste à TV, um modelo pequeno e antigo daquele sem controle remoto, sente o vento frio. Vai para a janela e a fecha. Ainda parado, olha para o céu. Vai chover de novo, deu na TV, que o povo já se cansou de tanto o céu desabar, e pede ao santo daqui, que reza ajuda de Deus, mas nada pode fazer se a chuva quer é trazer você pra mim... Lá embaixo, na rua, o movimento das pessoas e dos carros tentando escapar da chuva, deixa-o pensativo. Entre as pessoas, está Rita, que olha para o céu. Abre o guarda-chuva. A chuva cai. E fica cada vez mais forte.
Ao lado de Rita, a "imagem" de Marcelo tomando banho de chuva, como se a guiasse, mas Rita não percebe sua presença.
Vem cá, que tá me dando uma vontade de chorar, não faz assim, não vá pra lá, meu coração vai se entregar à tempestade... "Chegam" no prédio de Marcelo. A "imagem" de Marcelo não entra. Rita sobe. A porta do apartamento está aberta. Rita entra, olhando todo o apartamento, examinando-o. Recolhe alguns de seus objetos, colocando-os na sacola. Marcelo permanece na janela, aquele olhar desolado, de quem tem uma certa culpa, em silêncio. Por um momento, Rita pára. Suspira. Vira-se para Marcelo. Quem é você pra me chamar aqui, se nada aconteceu? Me diz... Foi só amor, ou medo de ficar sozinho outra vez? Cadê aquela outra mulher? Você me parecia tão bem... A chuva já passou por aqui, eu mesma que cuidei de secar... E, num surto de fúria, fala com Marcelo, é uma cobrança, um acerto de contas. Ela insiste em ter a atenção de Marcelo, mas o mesmo nem se vira, era como se estivesse envergonhado para encará-la. Quem foi que te ensinou a rezar? Que santo vai brigar por você? Que povo aprova o que você fez? Devolve aquela minha TV, que eu vou de vez... Rita desiste de falar com ele. Continua recolhendo objetos seus pelo apê. Continua balbuciando queixas. Não há porquê chorar por um amor que já morreu. Deixa pra lá, eu vou, adeus. Rita ajeita a sacola e vai saindo, meu coração já se cansou de falsidade... Na portaria, Rita abre o guarda-chuva, a sacola cheia na mão, caminha a se perder de vista da "imagem" de Marcelo, que parara na portaria, e ali mesmo permanece, tomando banho de chuva.



By Mayra Araújo & Joanna Araújo

sexta-feira, 7 de março de 2008

"Nós que aqui estamos por vós esperamos"

Comentários


Eu particularmente gostei do filme. Acredito que, quem tenha um mínimo de sensibilidade tenha até se emocionado, como eu.

A crítica ao mundo moderno no qual estamos inseridos. As consequências desse mundo tecnológico para o século XX, o quanto somos nós mesmos, vítimas e culpados por tudo.

Obviamente quando digo isso, estou pensando pelo lado negativo, as guerras, a falta de contato humano, a ânsia pelo poder que sempre gerou desigualdades, o quanto nos tornamos intolerantes com o próximo e não respeitosos com quem é diferente, e pensa diferente.

No lado positivo há muito o que se dizer também. A ciência evoluindo e as curas para as doenças aparecendo, por exemplo. A facilidade de nos locomover em grandes distâncias, a comunicação possibilitada por invenções que também sofreram muitas evoluções em um mesmo século (telefone, TV etc). O discurso é: evoluir para melhorar a qualidade de vida.

Gostei da restrospectiva (mesmo não tendo uma cronologia certinha; que se assemelha a um "mosaico", ou recortes de imagens) a que o filme nos leva; e de saber que "personalidades", que eu sempre soube serem importantes, estão contextualizadas no filme, e até o fato de pessoas comuns terem suas histórias contadas de forma sutil, e forte.




Tá com tempo?

Oi.
Sabe o que é que é? Nada não. Meio completamente sem assunto. Vontade de colocar você no meu colo e falar coisas bonitas e bobas. Sabe o que "rola na vitrola sem parar"? Tim Maia. Você é algo assim... Que me traz muita saudade. E uma vontade de fazer uma coisa gostosa pra você comer e depois dançar no escuro meio bêbada-estilo-Ângela Rô Rô, pisando no seu pé e morrendo de rir. Não sei. Ando com umas vontades assim. Amor, meu grande amor, me chegue na hora marcada, como é que está tudo? Hoje é dia de não conversar e ficar tudo bem. Tudo bem, em termos, minha bochecha quente diz muito sobre minha condição cristã-ocidental, tão em moda nos dias de hoje. Mas fora isso, tudo bem de verdade. Queria era fazer um poema lindo como você e depois ficar olhando, com a mão no queixo e rindo como quem espera um riso de volta, de agrado, não demora, meu sorriso, te preciso. Só rindo...
E olhar pros seus olhinhos que fazem de conta que eu não estou olhando, e te olhar meio de lado, pra ver se eu consigo entender alguma coisa, e o seu jeito de deixar tudo de lado, e arriscar tudo de novo com paixão... Mas depois você sai e me dá uma fungada... Eu ainda tenho "cheiro de casa"? Você ainda tem.
O início. Vontade de fazer tudo pra te ver feliz, rindo e mordendo a língua. Eu, muito Bethânia como sempre, amada-amante, tendo a arte de sorrir cada vez que o mundo diz: não. Vontade de fazer tratamento de choque com você. Nada de doses homeopáticas. Algo como "te cerco tanto que é impossível fazer blitz e flagrar a ladroagem"...
Uma vontade, assim, de ficar no escuro contando histórias esquisitas e morrendo de rir. Tenha calma, não se vá, meu popstar, tenha fé. Te prometo vir a ser do jeito que você quer: um amor de mulher... E você vai quando? Ainda tem tempo pra um chopp-conversa-sem pressa, risos e silêncios? Ainda tem tempo de me beijar segurando meu rosto e ver que a minha bochecha está quente?

Não vale dizer nada, a não ser qual música eu devo colocar.
Beijo.




(1º de julho de 2004)





terça-feira, 4 de março de 2008

Escrevendo em torno do sofá e bebendo vinho ouvindo Simon & Garfunkel.
Aos 15 não imaginei que me transformaria no que sou hoje. E também não quero saber como serei nos próximos 10 anos. Se vou continuar sendo, se serei mais, se terei menos. Não me importa. Futuro, para mim, tem que ser o minuto adiante, o Presente a gente saboreia, vivencia: conversa no msn com primo que tá lá na capital do país. Lá mesmo, no Cerrado, onde pisei um dia; saudade de lá? Quase nenhuma. Mas há sempre a nostalgia. Sempre há. Ouvindo For no one faço uma oração aos deuses momentâneos. Vontade de fazer curso de Fotografia. Vontade de ficar no pertinho de alguém mesmo que só em pensamento (volte logo, moço). Desejos de realizar tanto de tudo, que esse tempo na Terra parece não ser suficiente. Mesmo que tenha que ir embora um dia, como todos os mortais, ter ainda a certeza de que serei amiga no AlémdaVida, e como mera troca, escutar de presente: serei se você for.
Obrigada.
Ouvindo Gavin Degraw na 2a taça. Hoje me perguntaram se eu já frequentei Igreja e se eu sou, assim, como dizer, uma "desertora". Eu disse: Como? E me disseram que eu tinha um jeito brejeiro de quem fora cristã... Me chamando de "Carola"... Nem me incomodo. Por detrás dessa couraça tem, sim, uma pessoa doce, mas até doce demais, que não sabe se impôr; que o charme é essa passividade diante das situações.
"Eu disse: perto, e aí vi tudo looonge. Ele disse: perto. Eu disse: está certo. Ele disse: está tudinho errado...(Ah!) Ele disse: (Mayra, minha filha,) abre o olho." Sempre Gil. E junto, essa saudade de um cara fodástico que eu amo e que a vida nos afastou. Rolou um cisco: nos dois olhos. Na vitrola Everlasting love. Ouça, que só faz bem, e 'siga no rumo da manhã, rindo sozinho dos pensamentos que se tem, com festa e vinho'. Saudade essa que tem endereço certo, como dizem.
Lembra, amiga, do papo de casamentos... A minha vontade voltou, te contei, e a experiência em encontrar o vestido de noiva de minha mãe entre os seus guardados, reacendeu a ideia, porque o vestido coube di-rei-ti-nho. Ai, meus deuses!
A taça, a última, eu juro. Os cães resolvem brincar. Ouço Vilarejo Íntimo. O tempo passa, mainha em Manaus: pensamento nela.
É certo que vou ali ligar a TV, e ao fim da taça, adormecer.


(17/08/2007)


domingo, 24 de fevereiro de 2008

"E agora, José?"

Nos Estados Unidos a eleição está vivendo um momento tabu!
Quem vai ser o Presidente? Uma mulher ou o homem negro??
Ainda bem que eu não voto por lá. E no dia que isso acontecer por aqui, rá, será que eu vou estar viva?


(...)
Gênero e raça são temas importantes na sociedade norte-americana porque representam um desafio para a realização da igualdade. E a possibilidade de um homem negro ou uma mulher branca se tornarem presidente dos EUA renovam a confiança na vitalidade da democracia americana, na sua capacidade de se renovar e se reinventar. Os que simbolizam grupos historicamente excluídos ou discriminados são chamados a ofertar originalidade, renovação, mudança e esperança na (des)ordem do mundo.

Além do interesse que desperta, a simbologia que cada candidato carrega presta-se a variadas apropriações, em diferentes contextos, que extrapolam os limites geográficos e os interesses em jogo naquele país. A candidatura de Obama, com alto grau de adesão da população branca norte-americana, é vista por analistas como sintoma do progresso nas relações raciais nos EUA que nessa leitura significaria ter ele se tornado opção eleitoral efetiva para grandes parcelas dos norte-americanos a despeito de sua cor para uns, ou, para outros, da suposta "neutralidade racial".

No Brasil, em razão dessas supostas características, Obama tornou-se a nova arma dos formadores de opinião que combatem as políticas de igualdade racial, em especial as cotas nas universidades brasileiras. Em chamadas de matérias da imprensa nacional sobre as prévias nos EUA, lê-se, que "Obama tornou cor irrelevante na campanha".
(...)


[Suely Carneiro.
Doutora em Filosofia da Educação pela USP e diretora do Geledés (Instituto da Mulher Negra)]



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

"... Assim como existe disco voador e o escuro do futuro..."

Trabalho mais interessante do curso até agora será produzir um vídeo-minuto. Quem mais está ansiosa sou eu.
Tipo que, eu acho que me encontrei. Vou batalhar para produzir. Ou será que é sonhar alto demais? Talvez me contente em apenas escrever artigos, ou, ser assessora de imprensa. Não sei. Cada coisa com seu valor. Vou escolher algo e fazê-lo bem, meu pai me ensinou. E aí, que coisas boas acontecem, quando você quer muito, e você corre atrás, as glórias são tuas. Três anos, três tentativas e pronto: quando viu, já foi! Agora é a sua vez, você pensa. Eu acredito em empurrãozinho de uma Força maior que nós. Acredito na capacidade que temos, na força do pensamento e na força de vontade.
Um belo dia resolva mudar.
FIDEL CASTRO RENUNCIA A LA COMANDANCIA EN JEFE!!!!!!, me diz uma amiga.
O comandante sai de cena, então. E eu só tenho uma palavra que o defina: inteligência. Ele foi sagaz, um homem que consegue se manter ditador, que sobrevive às tentativas de ser assassinado, com fãs ou não em seu próprio legado (o que eu acho normal, pois nunca se é 100% o tempo inteiro em nenhum lugar do mundo). Inteligente, porque antes que morresse, e os interessados nisso comemorassem seu fim, ele dá a última cartada. "Agora eu vou!", porque antes de morrer quer ver o que vai ser dessa ilha "sem ele"...
Eu escrevo isso e olho vez em quando na janela porque, ah, hoje teve isso, né, o Eclipse, e tudo para mim está ligado. Eu vejo nos astros a tal força, a tal magia, afinal, é preciso que se acredite em algo, além de aproveitar o calor da noite e acreditar, como o Groucho Marx, que vai tomar uma cerveja.
Eu vou.
E porquê não?!


domingo, 17 de fevereiro de 2008

O mundo é cheio de possibilidades.
Distraídos são aqueles que ora estão, ora não estão.
Esqueça todas as barreiras do possível e viaje: onde você gostaria de estar exatamente agora?



Quando penso na possibilidade de estar em algum outro lugar que não este de agora, passa um filme na minha cabeça. Pelas cidades por onde estive, as pessoas que lá encontrei, as lembranças boas e as desagradáveis. Não teria sequer a intenção de voltar no tempo para consertar ou reviver coisa alguma.
Acredito fielmente no poeta Gilberto Gil quando melodicamente me diz que "o melhor lugar do mundo é aqui e agora". E é.
Longos anos depois, longe desta terra, voltei, e sei que voltei por motivos que em sua maioria estão inexplicavelmente fora do meu alcance. Mas cá agora estou. Redescobrindo tudo, retornando aos cheiros e olhares que me passavam despercebidos. Bahia. Estou aqui e agora, e não sinto que poderia estar em outro lugar. Não hoje.
Pelos amigos conquistados nos últimos 5 meses, pelos bons ventos de um 2008 que me sopraram a felicidade em pequenos gestos, e porque a Bahia me remete a Bandeira: "Vamos viver de brisa, Anarina". E é exatamente assim que tenho me sentido: com ventos nos cabelos, rodeada de amores, recebendo cafuné e pedindo mais e mais que tudo se paralise e eternize.
Tenho a certeza de que não poderia me enganar e escolher outro lugar, pelo menos, por enquanto (porque nunca saberei qual a força da próxima brisa).


(30/01/2008)