domingo, 9 de março de 2008

Roteiro para um videoclipe



O apartamento mal iluminado. Janela aberta. Venta bastante. Céu nublado. Marcelo assiste à TV, um modelo pequeno e antigo daquele sem controle remoto, sente o vento frio. Vai para a janela e a fecha. Ainda parado, olha para o céu. Vai chover de novo, deu na TV, que o povo já se cansou de tanto o céu desabar, e pede ao santo daqui, que reza ajuda de Deus, mas nada pode fazer se a chuva quer é trazer você pra mim... Lá embaixo, na rua, o movimento das pessoas e dos carros tentando escapar da chuva, deixa-o pensativo. Entre as pessoas, está Rita, que olha para o céu. Abre o guarda-chuva. A chuva cai. E fica cada vez mais forte.
Ao lado de Rita, a "imagem" de Marcelo tomando banho de chuva, como se a guiasse, mas Rita não percebe sua presença.
Vem cá, que tá me dando uma vontade de chorar, não faz assim, não vá pra lá, meu coração vai se entregar à tempestade... "Chegam" no prédio de Marcelo. A "imagem" de Marcelo não entra. Rita sobe. A porta do apartamento está aberta. Rita entra, olhando todo o apartamento, examinando-o. Recolhe alguns de seus objetos, colocando-os na sacola. Marcelo permanece na janela, aquele olhar desolado, de quem tem uma certa culpa, em silêncio. Por um momento, Rita pára. Suspira. Vira-se para Marcelo. Quem é você pra me chamar aqui, se nada aconteceu? Me diz... Foi só amor, ou medo de ficar sozinho outra vez? Cadê aquela outra mulher? Você me parecia tão bem... A chuva já passou por aqui, eu mesma que cuidei de secar... E, num surto de fúria, fala com Marcelo, é uma cobrança, um acerto de contas. Ela insiste em ter a atenção de Marcelo, mas o mesmo nem se vira, era como se estivesse envergonhado para encará-la. Quem foi que te ensinou a rezar? Que santo vai brigar por você? Que povo aprova o que você fez? Devolve aquela minha TV, que eu vou de vez... Rita desiste de falar com ele. Continua recolhendo objetos seus pelo apê. Continua balbuciando queixas. Não há porquê chorar por um amor que já morreu. Deixa pra lá, eu vou, adeus. Rita ajeita a sacola e vai saindo, meu coração já se cansou de falsidade... Na portaria, Rita abre o guarda-chuva, a sacola cheia na mão, caminha a se perder de vista da "imagem" de Marcelo, que parara na portaria, e ali mesmo permanece, tomando banho de chuva.



By Mayra Araújo & Joanna Araújo

1 comentário :

obztrato disse...

muito bom, prima.
que legal seu blog.
já tentei isso mas essa minha vida de malabarista não me deixa tempo pra nada.
bjo.