terça-feira, 14 de outubro de 2008

Outro dia conversava com dois amigos de Comunicação Social, e eis que falavamos do personagem Zé Bob, jornalista, papel de mocinho, cara super do bem. E a gente não sabia direito o que o personagem fazia: repórter fotográfico? Escritor? Jornalista investigativo?? Super-Homem??
Achei um texto quando pesquisava se outras pessoas falavam nesse assunto.
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“Zé Bob” é ilusão, meu povo!
06/09/2008

por Thiago Borges

Hoje, cheguei mais cedo em casa a tempo de acompanhar as notícias do Jornal Nacional, tirar uma soneca durante o horário eleitoral e ver um pouco da controversa novela A Favorita – cheia de suspense, tramas obscuras, mocinhas que viram vilãs e vice-versa. Mas o “engraçado” é se ver interpretado (ou não) em uma novela, esse símbolo cultural brasileiro que reflete a nossa realidade (reflete?). Agora consigo entender por que enfermeiras, policiais, modistas e camelôs criticam novelas… Quando tem um personagem camelô, ele sempre está de bom humor, trabalhando de sol a sol e com um largo sorriso no lábio – como se a vida dele fosse fácil. É a mesma coisa com o tal Zé Bob. Ele é o jornalista da novela, um mocinho como qualquer outro que tem como missão livrar o bem das garras do mal sem se deixar seduzir. Mas não é bem assim na vida real, caro leitor. Você, que deve estar aí pensando no próximo capítulo da novela das oito… Você, leitora inocente, que sonha em ter um jornalista como Zé Bob para te salvar… Você, internauta adolescente, que quer seguir a carreira de jornalista porque achou a profissão um tanto quanto cheia de adrenalina… Vamos à realidade!

1° - Super jornalista? Impossível! Por mais que as redações estejam defasadas e os funcionários de determinado veículo acabem acumulando funções, não dá para uma única possível cobrir todas as áreas, todos os assuntos de interesse público. Zé Bob, por exemplo, cobre política num dia e feira das tulipas em outro (além de tirar fotos, é claro)

2° - Incansável? Outro erro aí! Pode tomar café à vontade, cheirar cocaína, ter uma pilha de coisas para fazer. Sete matérias pra escrever… Uma hora o cara vai se cansar e ter de parar recuperar a energia perdida. Zé Bob ainda não apareceu dormindo nessa trama.

3° - Sortudo? Ao contrário do nosso herói da dramaturgia, que tem a bruxa boazinha do Castelo Rá-Tim-Bum como editora-chefe, a realidade é bem diferente. Na maioria das vezes (salvo raras exceções), em especial em jornais diários, repórteres são tratados aos berros por seus senhores.

4° - Catador? Mesmo com todo o trabalho do mundo para fazer, Zé Bob encontra uma brechinha entre uma cobertura e outra para cortejar as beldades da novela. Fala sério!

5° - Cadê o distanciamento do fato? Se fosse real, Zé Bob estaria cometendo um grave erro profissional por ter se envolvido com uma de suas fontes – a Donatela. Cadê a imparcialidade, oras?

E você, o que acha de tudo isso?




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